11 de janeiro

“Juízes concursados se contorcem de vergonha com certas decisões da Suprema Corte, e não se sentem nem um pouco representados por ela.”

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A juíza de Direito Ludmila Lins Grilo, da Comarca de Miraí, MG, discorre, com enorme conhecimento de causa e efeito, sobre a diferença de ser um juiz e um cortesão julgador.

“Sempre que o STF profere alguma decisão bizarra, o povo logo se apressa para sentenciar:

“a Justiça no Brasil é uma piada”.

Nem se passa pela cabeça da galera que os outros juízes – sim, os OUTROS – se contorcem de vergonha com certas decisões da Suprema Corte, e não se sentem nem um pouco representados por ela.

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O que muitos juízes sentem é que existem duas Justiças no Brasil. E essas Justiças não se misturam uma com a outra. Uma é a dos juízes por indicação política. A outra é a dos juízes concursados. A Justiça do STF e a Justiça de primeiro grau revelam a existência de duas categorias de juízes que não se misturam. São como água e azeite. São dois mundos completamente isolados um do outro. Um não tem contato nenhum com o outro e um não se assemelha em nada com o outro. Um, muitas vezes, parece atuar contra o outro. Faz declarações contra o outro. E o outro, por muitas vezes, morre de vergonha do um.
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Geralmente, o outro prefere que os “juízes” do STF sejam mesmo chamados de Ministros – para não confundir com os demais, os verdadeiros juízes. A atual composição do STF revela que, dentre os 11 Ministros (sim, M-I-N-I-S-T-R-O-S!), apenas dois são magistrados de carreira: Rosa Weber e Luiz Fux. Ou seja: nove deles não têm a mais vaga ideia do que é gerir uma unidade judiciária a quilômetros de distância de sua família, em cidades pequenas de interior, com falta de mão-de-obra e de infra-estrutura, com uma demanda acachapante e praticamente inadministrável.
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Julgam grandes causas – as mais importantes do Brasil – sem terem nunca sequer julgado um inventariozinho da dona Maria que morreu. Nem uma pensão alimentícia simplória. Nem uma medida para um menor infrator, nem um remédio para um doente, nem uma internação para um idoso, nem uma autorização para menor em eventos e viagens, nem uma partilhazinha de bens, nem uma aposentadoriazinha rural. Nada. NADA.
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Certamente não fazem a menor ideia de como é visitar a casa humilde da senhorinha acamada que não se mexe, para propiciar-lhe a interdição. Nem imaginam como é desgastante a visita periódica ao presídio – e o percorrer por entre as celas. Nem sonham com as correições nos cartórios extrajudiciais. Nem supõem o que seja passar um dia inteiro ouvindo testemunhas e interrogando réus. Nunca presidiram uma sessão do Tribunal do Júri. Não conhecem as agruras, as dificuldades do interior. Não conhecem nada do que é ser juiz de primeiro grau. Nada. Do alto de seus carros com motorista pagos com dinheiro público, não devem fazer a menor ideia de que ser juiz de verdade é não ter motorista nenhum. Ser juiz é andar com seu próprio carro – por sua conta e risco – nas estradas de terra do interior do Brasil . Talvez os Ministros nem saibam o que é uma estrada de terra – ou nem se lembrem mais o que é isso. Às vezes, nem a gasolina ganhamos, tirando muitas vezes do nosso próprio bolso para sustentar o Estado, sem saber se um dia seremos reembolsados – muitas vezes não somos.
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Será que os juízes, digo, Ministros do STF sabem o que é passar por isso? Por que será que os réus lutam tanto para serem julgados pelo STF (o famoso “foro privilegiado”) – fugindo dos juízes de primeiro grau como o diabo foge da cruz? Por que será que eles preferem ser julgados pelos “juízes” indicados politicamente, e não pelos juízes concursados?
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É por essas e outras que, sem constrangimento algum, rogo-lhes: não me coloquem no mesmo balaio do STF. Faço parte da outra Justiça: a de VERDADE.”
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Fonte: Dr. Edailton Medeiros – Campina Grande-PB
Facebook da Juíza 
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8 respostas para “FRASE DO DIA”

  1. Anonimo disse:

    Então verifica se ela dispensou o auxílio moradia, se fez isso,
    tem a minha simpatia.
    Auxílio moradia de todos os setores públicos para construção de presídios.

  2. Zoto disse:

    Ai já é outra história Anônimo.

    Não responda, só faça uma análise sincera, se você ganhasse o suficiente para manter seu padrão de vida atual e tivesse por lei direito ao auxílio moradia, o dispensaria?

    Digo padrão atual pois os gastos de uma pessoa ou família, sempre acabam se ajustando a seus ganhos reais. Pensar em um salário muito acima parece que sobraria quase todo o dinheiro recebido, mas nunca é isso que acontece.

  3. Anonimo disse:

    Eu dispensaria como sempre dispensei diária .
    Comer eu comeria de qualquer jeito, lá ou cá, viagem com carro
    da empresa, pra quê diária .
    é juízes demais, causas demais, advogados demais, propagandas demais, auxiliares demais, gente procurando a justiça demais.
    Ou alguém pensa que algum ministro escreve alguma coisa a não ser as diretrizes do que deve ser escrito.
    Tudo por conta dos 99 auxiliares.
    Faz tempo que Ministro levava trabalho pra casa.
    Processo com muitas páginas. Que leia os auxiliares e façam um resumo.
    Prageando o Neto: tô certo ou não tô.

  4. JOAQUIM disse:

    A justiça, no Brasil, assumiu ser gay, pois o que esta escrito pode ser modificado. O judiciário (desde a 1a. instância) comprou a idéia de “ser gay” (“ser gay” não é só para as preferências sexuais do individuo)

  5. Caramuru disse:

    A Justiça elaborada pelos homens, obviamente, tende a conter as imperfeições dos mesmos! Mas nada mais injusto que a Suprema Justiça de um país seja entregue nas mãos de escolhidos por oportunistas! Essa juíza tem razão, ela prestou concurso e entrou em um sistema, imperfeito, mas legal. Os M-I-N-I-S-T-R-O-S do STF foram indicados e são desqualificados em dobro, em competência e MORAL!

  6. Pescador disse:

    O amigo fala: – Ó Zé sua muié tá te traindo com Arcides. – Magina! Ela não me trai não. Cê tá enganado. – Oia Zé toda vez que ocê sai prá trabaiá o Arcides vai prá sua casa. Indignado com que o amigo diz, o Zé finge que sai de casase esconde dentro do guarda roupa.Passando umas horas, quem bate na porta? O Arcides. O Zé fica olhando pela porta do guarda roupa que está entreaberta e logo vê: Sua muiê leva o Arcides para dentro do quarto e começa a sacanagem: tira blusa e os peito cai, tira a calcinha e a barriga cai. E lá de dentro do guarda roupa o Zé põe as mãos no rosto e diz: – Ai, meu Deus! Que vergonha do Arcides, minha muié é um bofe, o Arcides não merece, ele é tão bonito. Ah se eu fosse uma muié …

  7. Pescador disse:

    Cu
    Porteira redonda
    Cercada de fios de cabelo
    Por onde passa o sinuelo
    Das tropas que vem do bucho
    Pra conservar as tuas pregas
    Não precisa muito luxo
    É só limpar com macegas
    No velho estilo gaúcho

    Te saúdo
    Cu, de índio chucro
    Sovado de tanta bosta
    Por que coragem tu mostra
    Quando a merda vem a trote
    E se ela é meio dura
    Devagar tu não te apura
    Pra evitar que te maltrate

    Cu
    Velho cu miserável
    Sempre de boca pra baixo
    Pois sendo o cu de índio macho
    Desses que cagam em tarugo
    E nunca deixa refugo
    Se alguma merda carregas
    É só limpar com macegas
    Ou mesmo usando um sabugo

    Cu, mártir do corpo
    Malquisto e desprestigiado
    No mais das vezes, cagado
    E enferrujado na rosca
    Teu destino é coisa hosca
    Pois enquanto a vida passa
    A boca bebe cachaça
    E tu sempre a juntar moscas

    Tenho dito

  8. Leandro Atílio de Matos disse:

    Anônimo, concordo com algumas coisas que você disse, mas se olhar o texto do início, verá que comentado que em muitos casos, o juíz concursado precisa atuar longe de sua família, mudar-se para outra comarca, morar em outra cidade, por conta da organização e definição superior, nesse caso, não concorda com a ajuda de custo? Outra coisa: Um juíz BEM REMUNERADO, é um juíz IMPARCIAL, um juíz que consegue negar propina e dar seu veredicto baseado nos fatos e na lei, sempre acreditei que não existem juízes demais, existem CAUSAS demais, existem poucos juízes, diante de TANTAS CAUSAS que se movem, que se buscam, muitas vezes sem o menor fundamento. O brasileiro que quer DIREITOS demais e não quer NENHUM DEVER.

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